terça-feira, 3 de agosto de 2010

Os ingleses, a gastronomia e a fase anal

Há algum tempo, a cena era Jamie Oliver, o embaixador-cozinheiro-teen-sexy do império britânico, colocando na balança algumas dezenas de fezes bovinas para ilustrar o quanto um concidadão deveria defecar em respeito proporcional a tudo aquilo que come. Mostrava assim que o que há de podre naquele reino habita o ventre dos seus súditos e não o coração da rainha.

Outro dia, foi aquela senhora magérrima e malíssima do “você é o que você come” confrontando um jovem casal da periferia e as vicissitudes de seu cocô, com direito a risinhos constrangidos, olhares cúmplices e detalhes surpreendentes de como aquela coisinha marrom e fedida poderia revelar os segredos da sua vida sexual, ou da ausência desta.

Tudo bem, eu acredito que uma boa olhada no vaso antes da descarga pode nos dizer muito sobre o que comemos e o que anda se passando nas nossas estranhas, certamente acho grande parte do que se passa na tevê uma boa merda e qualquer programa televisivo de auto-ajuda e congêneres tem sua dimensão de humilhação pública.

Mas não deixa de ser bizarro ver aquelas pessoas expondo a própria bosta em um programa de televisão. Ou perceber o quanto de sadismo – no mínimo infantil – transborda do rosto dos apresentadores diante dos segredos intestinais dos pobres ingleses.

Se os colegas da academia têm mesmo razão em dizer que os programas de gastronomia são a pornografia do século XXI, fico pensando naquela história de que os empertigados e formalíssimos britânicos não passam mesmo de um bando de pervertidos.

Diante disso, devo confessar, prefiro mil vezes a Nigela gemendo sobre uma tigela de mousse de chocolate.

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