quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mãos sujas de sangue

Vão acabar com a galinha ao molho pardo. Não sei se vocês sabem do que se trata, mas posso garantir que é uma das melhores formas, se não a melhor, de garantir dignidade gastronômica a uma simples galinha. No entanto, como se utiliza sangue (da própria) em sua preparação, sangue “ é rico em componentes que propiciam a rápida multiplicação de micro-organismos” e não há fórmula ao mesmo tempo simples e legal de obtê-lo e transportá-lo (fiquei sabendo também que é crime matar galinha no quintal!), a vigilância sanitária quer acabar com o molho pardo,com um pedaço da nossa cultura e outro talvez maior da infância de muita gente.

Prefiro as bactérias. Sinceramente. O que talvez tenha a ver com o fato de que prefiro que galinhas sejam mortas e que as casas tenham quintal.

Além disso, se exterminarmos os malditos micro-organismos, além de comermos plástico e elevarmos o Mac Donalds a alta gastronomia, quem nos defenderá se houver mesmo uma guerra dos mundos?

É preciso resistir, portanto, nós com a nossa galinha e os franceses com seus queijos deliciosamente podres. O lema do estandarte pode ser inspirado na afirmação heróica da velha Dany, dona e cozinheira de um pequeno restaurante em Paris: não se iludam, o sabor do que vocês comem vem da gordura, e das minhas mãos sujas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário